AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA DOS ARQUIVOS DE ASAS

5 caças que nunca entraram em combate

F-106. Foto: John K. McDowell

Eles foram criados para a guerra. Seja no combate ar-ar ou no ataque a alvos de superfície, caças são temidos no campo de batalha. Exatamente por isso países investem bilhões para desenvolver, construir, comprar e armar esses aviões incríveis. Usá-los, porém, depende do curso da História. E em alguns casos os caças acabaram aposentados sem nunca sentirem o gosto do combate.

Confira a lista:

F-106 Delta Dart

Ainda bem que o Delta Dart nunca viu ação. Nos anos 60 e 70 o supersônico era o principal interceptador da United States Air Force: sua missão seria destruir bombardeiros soviéticos em uma eventual Terceira Guerra Mundial. Felizmente, nunca aconteceu.

Assim como o atual F-22 Raptor, o F-106 Delta Dart nunca foi exportado: seu uso foi exclusivo na defesa dos Estados Unidos, tendo sido eventualmente levado para a Islândia, Alemanha e para a Coreia do Sul, mas sempre em mãos norte-americanas. Cogitou-se levá-lo para combate no Vietnan, porém o Pentágono decidiu que aquele não era o cenário para seu uso.

Caças F-106 Delta Dart

Armado com mísseis AIM-4 Falcon, AIM-26 Super Falcon ou até com o AIR-2A Genie, um foguete ar-ar com uma ogiva atômica de 1,5 kilotons, o F-106 Delta Dart chegava a 2,3 vezes a velocidade do som. O desempenho supersônico era melhorado graças ao fato de os armamentos serem levados em compartimentos internos, semelhante ao visto hoje em caças stealth, como o F-35 Lightning II. Porém, o feito mais notável do F-106 acabou sendo mesmo um desses caças pousar sozinho em um campo de milho.

Ao todo, 277 F-106A e 63 F-106B foram construídos, sempre recebendo melhorias, como a instalação do canhão Vulcan M61. Nos anos 70, o F-4 Phantom II já rivalizava no desempenho ar-ar. Em seguida, os primeiros F-15 Eagle começaram a assumir a missão de linha de frente na defesa do espaço aéreo dos Estados Unidos. Ainda assim, unidades da Guarda Aérea Nacional voaram o F-106 Delt Dart até 1988.

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Saab Viggen

Saab 37 Viggen

Diferentemente do U-2, o SR-71 Blackbird conseguiu sobrevoar a União Soviética sem nunca ter sido abatido. Na realidade, nunca um caça soviético conseguiu sequer “travar” o seu radar em um SR-71. Porém, os pilotos do avião-espião sabiam onde estava um sistema de defesa aérea único: na Suécia.

Quando um SR-71 passava pelo Mar Báltico, caças Saab Viggen poderiam aparecer. Nem com seu sistema de contramedidas eletrônicas os pilotos de Blackbird conseguiam se livrar dos suecos. Felizmente, EUA e Suécia não era inimigos. Sem conflitos desde 1814 e neutra até durante a Segunda Guerra Mundial, o reino nórdico desenvolveu sua linha de caças, que acabaram nunca usados.

Introduzido no serviço ativo em 1971, o Viggen é apontado por vários especialistas como o melhor caça europeu dos anos 70. Foi o primeiro do mundo a ser produzido em larga escala com canards. Também já contava com datalink. Assim como seu sucessor, o Gripen, foi criado para conseguir pousar e decolar em pequenos trechos de rodovias e ser mantido por um contingente mínimo de mecânicos.

Saab Viggen em base de desdobramento

Mais de 300 unidades foram construídas pela Saab. Mas, apesar da qualidade do jato, questões políticas e econômicas impediram qualquer exportação. A aposentadoria veio nos anos 90, com a entrada em serviço das primeiras versões do Gripen.

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Supermarine Swift

Com a experiência de ter criado o lendário Spitfire, a companhia britânica Supermarine apresentou nos anos 50 o que deveria ter sido um bem sucedido caça a jato. Com o então inovador design de asas enflechadas, em 1953 um Supermarine Swift conquistou o recorde de velocidade: 1.187 km/h.

No ano seguinte, entrou em serviço como interceptador da Royal Air Force. Não foi um sucesso. Acidentes logo começaram a determinar a paralisação da frota ainda em 1954. Em 1955, o Swift já era um verdadeiro escândalo nacional no Reino Unido, afetando a credibilidade da RAF, da indústria e do Ministério da Defesa.

Supermarine Swift

Dos quase 500 caças planejados, somente 197 foram construídos. Os que estiveram em serviço efetivo até 1967 eram versões adaptadas para voos de reconhecimento aéreo. Coube ao Hawker Hunter o papel de principal caça inglês da época.

Douglas F-6 Skyray

Logo após a Segunda Guerra Mundial o Pentágono já identificava os porta-aviões como estratégicos para a presença internacional dos Estados Unidos – e os bombardeiros de longo alcance como a principal ameaça. Por isso, já em 1947 fez o pedido para ter um interceptador capaz de engajar inimigos a 15 km de altura apenas cinco minutos após ser acionado.

F-6 Skyray

A Douglas logo começou a trabalhar em um design de uma asa em delta. E ficou lindo. O engenheiro Ed Heinemann, que também assinaria o projeto do A-4 Skyhawk, ganhou pelo F-6 o troféu Collier, dado pela US Nacional Aeronautic Association como reconhecimento pelo desenho do caça.

Quando o F-6 começou a entrar em serviço, no primeiro semestre de 1956, ainda designado Douglas F4D, a Guerra da Coreia acabara três anos antes. Havia paz, mas com tensões. As características do novo caça e as preocupações daquela época levaram, inclusive, a um esquadrão da US Navy sediado em San Diego passasse a cumprir missões de defesa aérea regulares, não apenas quando estivesse embarcado.

F-6 Skyray

Equipado com um motor Pratt & Whitney J57-P-8, o F-6 foi o primeiro jato da US Navy a atingir Mach 1 em voo nivelado. Os quatro canhões Colt Mk 12, de 20mm, podiam ser reforçados com foguetes não guiados e, posteriormente, com mísseis AIM-9 Sidewinder.

Mais de 400 unidades foram construídas, sendo operadas exclusivamente pela US Navy, US Marine Corps e pela NASA. Apesar da beleza e eficiência, teve carreira curta: encerrada em 1964, meros oito anos depois, sem nunca ter entrado em combate. O fato é que desde 1957 o F-6 já tinha a companhia do F-8 Crusader, mais potente, e que voaria com as cores da US Navy até os anos 80 (e com a da Marinha da França até 1999!).

Yakovlev Yak-38 Forger

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Yakovlev Yak-38 Forger

Deu no The New York Times. Em 16 de dezembro de 1982, duas aeronaves do USS Enterprise voavam no norte do Mar da Arábia quando foram interceptadas por dois caças soviéticos armados com mísseis. Não foram revelados detalhes adicionais, nem o modelo dos aviões norte-americanos interceptados. De todo modo, não houve disparos, mas gerou intensa curiosidade no Ocidente.

Os interceptadores soviéticos eram do tipo Yak 38 Forger, caça naval desenvolvido para operar a partir dos porta-aviões da classe Kiev. Ao todo, a União Soviética operou quatro desses navios, cada um sendo capaz de levar 12 jatos, além dos helicópteros. A capacidade de realizar pousos e decolagens verticais também permitiu testes em navios mercantes com plataformas de pouso adaptadas.

Yakovlev Yak-38 Forger

O Yak-38, porém, não tinha como missão tentar fazer frente aos porta-aviões dos Estados Unidos. Sem radar, subsônico e com capacidade ar-ar limitada aos canhões de 23mm e aos mísseis de curto alcance AA-8 Aphid (R-60), o Yak-38 era especializado em ataque à superfície e ataque naval.

A entrada em serviço aconteceu em 1976. Ao todo, 231 unidades chegaram a ser produzidas. A crise no contexto na dissolução da URSS fez o Yak-38 ser aposentado antes mesmo de assumir as cores da Rússia ou de outra ex-república soviética.

O desenvolvimento de um novo caça do tipo acabou cancelado por Moscou. Porém, há informações de que os estudos teriam embasado a criação do F-35 Lightning II, novo caça dos Estados Unidos.

Sobre o autor

Humberto Leite

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