Há exatos 55 anos, em 9 de abril de 1967, voava pela primeira vez o Boeing 737. Criado para ser um projeto simples, com foco em rotas curtas, a aeronave se tornou um dos modelos com maior sucesso comercial da história, com quase 11 mil unidades já entregues e perspectiva de esse número ir além, graças às versões cada vez mais avançadas.
O projeto foi iniciado em 1964, com a ideia de ter os motores na parte traseira da aeronave. Seus rivais seriam o Douglas DC-9, o Fokker F28, o BAC One-Eleven e até o clássico SE210 Caravelle.
Com motores Pratt & Whitney JT8D, o Boeing 737-100 voou pela primeira vez naquele 9 de abril de 1967 sob os comandos de Lew Wallick e de Brien Wygle, um veterano da Segunda Guerra e da Guerra de Independência de Israel. A certificação viria já em dezembro do mesmo ano.
A Lufthansa entrou para a história em fevereiro de 1968, quando se tornou a primeira operadora do 737. Foi a primeira vez vez em que uma companhia de fora dos Estados Unidos iria se tornar a primeira operadora de uma aeronave norte-americana.
Essa primeira versão teve desempenho comercial discreto. Foram apenas 30 unidades encomendadas, sendo 22 para a Lufthansa, 5 para a Malaysia–Singapore Airlines e duas que foram encomendadas pela Avianca, mas voaram com as cores da MSA. O protótipo acabaria sendo utilizado pela NASA e hoje repousa em um museu nos Estados Unidos.
O fato é que antes de o Boeing 737-100 entrar em operação, o 737-200 já estava encaminhado, tendo voado pouco tempo depois do pioneiro, já 8 de agosto de 1967. Com fuselagem alongada, foi um sucesso de vendas, com mais de mil unidades comercializadas.
O sucesso foi repetido com os 737 “clássico”, nome dado aos -300, -400 e -500, que voaram a partir de 1984. Juntos, tiveram mais de duas mil unidades vendidas até o ano 2000. Chamada de segunda geração do 737, essas aeronaves receberam motores CFM56.
Apesar do enorme sucesso, da confiança dos clientes e da tradição, esses modelos passaram a enfrentar a concorrência cada vez mais voraz da Airbus, com sua família A319, A320 e A321. Em 2002, os europeus assumiram a liderança, e se firmaram na dianteira.
As repostas da Boeing já foram dadas duas vezes. A primeira foi com os 737 da terceira geração, os NG, de New Generation. Introduzidos no mercado em 1997, entregavam maior alcance e menor consumo de combustível, graças aos motores CFM 56-7 e melhorias aerodinâmicas, incluindo asas maiores e winglets. A capacidade de combustível foi ampliada e o número de assentos chegou a 215. O cockpit também evoluiu para o conceito digital.
Apesar da rivalidade com a Airbus, não se pode chamar os NG de um fracasso. Pelo contrário. Produzidos entre 1996 e 2019, tiveram mais de sete mil unidades entregues. Somente o -800NG teve quase cinco mil vendas.
As versões militares 737 AEW&C, C-40 Clipper e P-8 Poseidon continuam nas linhas de montagem. Também passou a ser oferecido o BBJ – Boeing Bussiness Jet – versões com interior configurado para clientes VIP.
Os sucessores seriam os 737 Max. Tendo voado em 29 de janeiro de 2016 e introduzidos em serviço em 22 de maio do ano seguinte, acabaram se tornando uma história de sucesso, fracasso e esperança. As 74 entregas em 2017 eram pucas frente a uma carteira de pedidos de 4.387 unidades, que já alcançava 5.211 no ano seguinte. Porém, os acidentes, a paralisação das operações e a demora na nova certificação fez o otimismo arrefecer.
Agora, com o 737 Max pronto para encarar os A320 Neo no mercado, a Boeing espera tirar o máximo proveito dos novos motores LEAP, das mudanças de sistemas e dos refinamentos aerodinâmicos. A família Max 7, Max 8, Max 9 e Max 10, este último com até 230 assentos, promete conquistar fatias ainda maiores do mercado.
E fazer o 737, um projeto iniciado há quase 60 anos, ainda ter muito futuro pela frente. Na realidade, a cada dia torna-se mais provável que em 2067, 100 anos após o primeiro voo, ainda existem jatos 737 voando pelo mundo.
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