Há exatos 50 anos, em 27 de julho de 1972, voava pela primeira vez o McDonnell Douglas F-15 Eagle, até hoje, o principal caça de defesa aérea da força aérea dos Estados Unidos (United States Air Force – USAF) e de países aliados. Criado no contexto do fim da guerra do Vietnã, o jato supersônico incorporou em seu projeto avanços tecnológicos e tem recebido refinamentos para se manter atualizado. A perspectiva é a de que o F-15 continue a desempenhar um papel de protagonista nas guerras aéreas dos Estados Unidos nas próximas décadas.
O desenvolvimento do F-15 começou com uma concorrência envolvendo quatro empresas: Fairchild Republic, McDonnell Douglas, North American Rockwell e General Dynamics. As propostas técnicas foram desenvolvidas ao longo de dois anos e encaminhadas ao Pentágono em junho de 1966 e, em 23 de dezembro daquele ano, a McDonnell Douglas foi selecionada. A empresa já tinha a experiência bem-sucedida de projetos como o A-4 Skyhawk e o F-4 Phantom II.
Entre as principais novidades estavam um radar com capacidade look-down/shoot-down, uma evolução tecnológica necessária após a superação da doutrina de que o papel dos interceptadores seria apenas destruir bombardeiros a grandes altitudes. Os armamentos seriam quatro mísseis AiM-7 Sparrow, de guiagem semi-ativa, instalados de maneira conformal na fuselagem, além dos AiM-9 Sidewinder para combate de curto alcance.
Apesar do tamanho, o F-15 deveria ter um desempenho de combate aéreo próximo superior aos dos seus concorrentes, sobretudo pela força dos seus motores, que dariam uma proporção de peso-empuxo de 1:1. Foi o primeiro jato da USAF com força nos motores suficiente para acelerar em voo vertical.
Em 26 de junho de 1972, o fundador da McDonnel Aircraft, James S. McDonnell, batizou o caça de “Eagle”. Um mês e um dia depois, na Base Aérea de Edwards, na Califórnia, o piloto de testes Irv Burrows escreveu seu nome na história do F-15 ao realizar o primeiro voo. Seis meses depois, a USAF já dava o aval para a produção em série.
Recordes seriam quebrados. A aeronave se notabilizou pela velocidade máxima de até Mach 2.5 e pela capacidade de subir rapidamente. Em 1975, um F-15 conseguiu chegar aos 98.425 pés (quase 30 km) de altura apenas três minutos e 27 segundos depois de soltar os freios na pista de pouso. Naquele dia, o caça superou a marca de 102 mil pés.
As entregas para a USAF começaram em 13 de novembro de 1974, sendo o primeiro um F-15B, versão para dois pilotos, com foco em treinamento, mas com capacidade operacional mantida. Em janeiro de 1976, o 555th Fighter Squadron se tornaria a primeira unidade a ser convertida como operadora de F-15.
Logo, o desempenho do caça chamou a atenção de aliados dos Estados Unidos – ainda que a exportação até hoje dependa de aprovação política expressa. Em 1979, Israel registraria sua primeira vitória ar-ar com o F-15. Até hoje, o modelo registra 104 vitórias em combate aéreo, contra nenhuma perda contra caças inimigos. A metade desse número foi obtida pelos israelenses. A Arábia Saudita, que também opera o modelo desde os anos 80, também registrou duas vitórias na Guerra do Golfo. Já os EUA acumularam 35 vitórias cobre iraquianos e sérvios.
Os desenvolvimentos continuaram. Em 1978 a McDonnel Douglas passou a produzir as versões F-15 C/D em substituição aos F-15 A/B. A capacidade de combustível foi ampliada em 910 kg e o peso máximo de decolagem subiu para 31 toneladas. O radar APG-63, com alcance máximo de 160 km, passou a ser compatível com mais armamentos graças ao programmable signal processor, uma inovação à época. Também foi instalado novo computador central e dada a capacidade de realizar manobras de 9g a qualquer nível de voo. Foram incorporados o míssil AiM-120 AMRAAM e novos sistemas de guerra eletrônica.
Em 1983, os F-15 C passaram a vir com o radar multifuncional APG-70, desenvolvido para a nova versão que iria surgir, o F-15 E Strike Eagle. O objetivo era oferecer à USAF um jato de ataque com capacidade de defesa aérea. Deu certo: em 1984 o Pentágono decidiu que a proposta era melhor que o F-16XL.
O F-15 E se destaca pelo assento traseiro contar com um painel multifuncional para o segundo tripulante, que atua como oficial de controle de armamentos. Além do radar APG-70, foram incorporados novos sistemas, como LANTIRN. Israel já havia adaptado seus jatos para missões de ataque, e até hoje seus F-15 recebem melhorias também nessa área.
Os F-15 C/D, apesar de já enfrentarem problemas estruturais, tem passado por modernizações com o objetivo de mantê-los em serviço até 2040. O principal fator é que o número de jatos F-22 Raptor nunca foi o suficiente para substituir todos os F-15, que continuam como os principais vetores de defesa aérea dos Estados Unidos. A retirada de serviço começou em 2009, inicialmente com os F-15 A.
Atualmente, o caça está em serviço nos Estados Unidos, Arábia Saudita, Cingapura, Catar, Israel, Japão e Coreia do Sul. Até agora, já são mais de 1.500 unidades produzidas, de todas as versões. A Boeing, que adquiriu a McDonnel Douglas nos anos 90, continua a produzir o jato, e a própria USAF encomendou a nova versão F-15EX Strike Eagle II.
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