O Centro Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), Organização Militar da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou hoje as conclusões iniciais da investigação do acidente da aeronave ATR-72 da Voe Pass, ocorrido em 9 de agosto, em Vinhedo (SP). Foi confirmado o mal funcionamento o sistema antigelo, porém outros fatores contribuintes também estão em investigação.
A análise do gravador de dados de voo (Flight Data Recorder – FDR) e do gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder – CVR) mostram que os tripulantes comentaram sobre uma falha no sistema DE-ICING. Esse sistema provia a proteção contra formação e acúmulo de gelo na aeronave. Com as gravações obtidas pelo FDR, foi verificado ainda que o sistema AIRFRAME DE-ICING, responsável por evitar que ocorresse acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado por diversas vezes.
Os militares, porém, deixaram clara a necessidade de avançar na investigação. Foi informado, por exemplo, que a tripulação não reportou condições meteorológicas adversas, tampouco declarou emergência. A equipe também ressaltou que não existe um fator único para um acidente, mas diversos fatores contribuintes.
Agora, a investigação segue por três vias. Serão analisados os aspectos relacionados ao desempenho técnico dos tripulantes e dos elementos relacionados ao ambiente operacional no contexto do acidente, bem como sobre condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais relacionados ao desempenho da tripulação. Haverá, ainda, uma análise da condição de aeronavegabilidade do ATR-72 acidentado, com especial atenção aos sistemas Anti-Icing, De-Icing e de proteção contra stall da aeronave.
A investigação envolve uma equipe multidisciplinar, formada por investigadores e especialistas nas seguintes áreas: Fator Operacional (pilotos, meteorologistas, especialistas em controle de tráfego aéreo, mantenedores de aeronaves), Fatores Humanos (médicos e psicólogos) e Fator Material (engenheiros mecânicos, aeronáuticos e eletrônicos, bem como outras áreas da engenharia). Também há consultores da autoridade de investigação da França, país de origem do fabricante da aeronave, e do Canadá, origem dos motores, além de autoridades da Agência Europeia de Segurança da Aviação (EASA).