Joyce de Souza Conceição. Este nome ficará na história da Força Aérea Brasileira como a primeira mulher a assumir o comando de um esquadrão aéreo. Trata-se do Esquadrão Gordo, equipado com jatos KC-390 Millenium. A cerimônia de passagem de comando ocorreu hoje, 15 de janeiro, na Base Aérea do Galeão.
Natural de Manaus (AM), a Major Joyce ingressou na FAB, em 2003, formando-se aspirante em dezembro de 2006, sendo parte da primeira turma de aviadoras da Academia da Força Aérea (AFA). “Na minha trajetória, na Academia da Força Aérea, considero que o espírito de grupo, sobretudo com minhas colegas de turma, bem como o profissionalismo dos instrutores da AFA, foram fatores fundamentais para que as dificuldades pudessem ser superadas”, relata a militar, atualmente no posto de Major.
Após se formarA, se especializou na Aviação de Transporte, completando o curso em 2007. Nos anos seguintes, atuou no Norte do Brasil, pilotando as aeronaves C-98 Caravan e C-97 Brasília. “O período de voo na Amazônia, no Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo, foi de enorme aprendizado. Tive oportunidade de cumprir inúmeras missões nas quais somente por meio do apoio aéreo, as populações ribeirinhas podiam ser atendidas. A operação ocorria muitas vezes em pistas restritas e em condições meteorológicas adversas, típicas da Amazônia. Ao executar o transporte de medicamentos, vacinas e suprimentos diversos, entendi a importância do trabalho realizado pelas Forças Armadas naquela região inóspita, um Brasil que poucos conhecem e que tive o privilégio de conhecer”, diz.
Em 2012, ainda como Tenente, fez história ao se tornar a primeira aviadora brasileira habilitada a pilotar o C-130 Hercules. Em 2016, já como Capitão, ela se tornou a primeira mulher brasileira a pousar na Antártica. “Considero o ápice e a coroação da minha trajetória operacional como piloto da aeronave C-130, no Esquadrão Gordo, Unidade de enorme tradição e importância operacional no âmbito da Força Aérea. Os desafios da meteorologia instável na Península Antártica, com condições de visibilidade e teto restritas, além de ventos superiores a 100km/h, exigiam experiência e perícia de toda a equipe”, expõe.
Entre os anos de 2021 e 2022, como Major, ela atuou como Oficial de Operações do Esquadrão, coordenando atividades operacionais. Posteriormente, passou pela Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Em 9 de julho de 2024, foi indicada durante a reunião do Alto Comando da Aeronáutica.
“Espero dois anos de muitos desafios, nos quais pretendo liderar minha Unidade para continuar sendo referência em preparo, prontidão, profissionalismo e segurança, mantendo a excelência no emprego da aeronave KC-390, a qualquer hora, em qualquer lugar, onde o Brasil precisar. E, para as mulheres que pretendem ingressar na Força Aérea e que almejam um dia comandar um esquadrão aéreo, atesto que o céu é vasto e há espaço para todas nós. O caminho não é fácil, mas coragem, determinação e preparo são as armas mais poderosas com as quais enfrentei os desafios ao longo da minha carreira até aqui. Continuem sonhando, voando e desafiando os limites, e certamente assim poderão alçar voos cada vez mais altos”, finaliza a Comandante do Esquadrão Gordo.
Unidade estratégica
O Esquadrão Gordo é uma das unidades mais tradicionais e estratégicas da FAB. Suas responsabilidades incluem o transporte de tropas, cargas e suprimentos, além de missões de apoio humanitário, defesa e resgates. Ao longo dos anos, a unidade tem se destacado em momentos de crise, enviando ajuda humanitária a países afetados por desastres naturais e realizando missões de transporte em zonas de conflito, consolidando-se como um pilar fundamental para a projeção de poder e assistência do Brasil no cenário global. Com sede no Rio de Janeiro (RJ), na Base Aérea do Galeão, o Esquadrão Gordo tem desempenhado um papel fundamental em diversas operações, tanto no território nacional quanto no exterior.
Comentar