A crise ainda existe, mas está passando. É essa a principal conclusão que pode se ter ao analisar os dados do Anuário do Transporte Aéreo 2017, divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em novembro.
A demanda doméstica do transporte aéreo de passageiros em 2017 cresceu 3,2% em termos de passageiros quilômetros pagos transportados (RPK), ante redução de 5,7% verificada em 2016. O indicador cresceu 85% entre os anos de 2008 e 2017, representando expansão média de 7,1% ao ano. O avanço do transporte aéreo foi 5,5 vezes superior ao crescimento do PIB brasileiro e 6 vezes maior que o aumento da população do país na última década.
Em 2017, foi transportado um total de 112,5 milhões de passageiros pagos no país, sendo 90,6 milhões em voos domésticos e 21,8 milhões em voos internacionais. Com esse resultado, o sistema de transporte aéreo atendeu 49 milhões de passageiros a mais do que em 2008.
Principal meio de transporte utilizado pelos brasileiros em viagens interestaduais, quando comparado com o transporte rodoviário, a fatia do modal aéreo passou de 65,4% em 2016 para 67,5% em 2017, ampliando sua participação em 3,2%. Em números absolutos, 82 milhões de passageiros optaram pelo transporte aéreo enquanto 39,5 milhões preferiram o transporte rodoviário no ano passado. Há uma década, em 2008, 43,9% dos passageiros optaram pelo transporte aéreo, enquanto 56,1% escolheram o transporte rodoviário.
A quantidade de assentos cresceu, pois o número de voos domésticos e internacionais caiu 2,8% e 0,4%, respectivamente, em 2017 na comparação com o ano anterior. No geral, a quantidade de voos em 2017 foi 2,5% menor em relação a 2016, somando 940 milhões de operações. Entretanto, em dez anos, observou-se um incremento de 23,1%.
Tarifa aérea média doméstica
No ano passado, a tarifa aérea média doméstica praticada foi apurada em R$ 357,16 e o valor médio do quilômetro voado por passageiro (ou yield tarifa aérea médio doméstico) registrou redução real de 3,1% em 2017 na comparação com o ano anterior, apurado em R$ 0,308/km. Quando analisadas as 52 rotas aéreas monitoradas desde o início da série histórica, o valor médio do quilômetro voado apresentou redução real de 60,5% no ano passado, caindo de R$ 0,888 para R$ 0,351.
De cada 100 assentos comercializados em voos domésticos ao público adulto em geral no ano passado, aproximadamente 6 foram vendidos com tarifas aéreas inferiores a R$ 100,00, tendo a maioria (52,9%) sido comercializada com valores abaixo de R$ 300,00.
Em 2017, a Gol seguiu na liderança do mercado doméstico em termos de demanda (RPK), com 36,2% de participação, seguida pela Latam, líder até 2015, com 32,6%. Azul e Avianca obtiveram 17,8% e 12,9%, respectivamente. A Latam teve sua participação no mercado doméstico reduzida em 6,2% na comparação com o ano de 2016, enquanto as demais registraram crescimento: Gol (0,5%), Azul (4,5%) e Avianca (12,8%). Entre essas quatro empresas, apenas a Latam registrou queda na demanda doméstica, da ordem de 3,2%, ao passo que a Avianca obteve o maior aumento: 16,4%. Azul e Gol tiveram alta de 7,9% e 3,8%, respectivamente.
Mercado Internacional
O transporte aéreo brasileiro apresentou aumento de 1,8% no mercado de voos internacionais em 2017, na comparação com 2016, ano em que havia sofrido retração de 3,6%. Na comparação da última década, desde 2008, a demanda dos passageiros por voos internacionais aumentou 64%, com crescimento médio de 5,6% ao ano.
A demanda das empresas aéreas brasileiras, que responderam por 28,8% do transporte internacional de passageiros no Brasil em 2017, cresceu 12% na comparação com 2016, enquanto as empresas estrangeiras registraram uma baixa de 1,8%. Latam, Azul, Gol e Avianca representaram a totalidade das operações das empresas aéreas brasileiras nesse mercado, com participação entre elas de 74,9%, 11,8%, 10,8% e 2,6% respectivamente. A Latam liderou entre as empresas brasileiras e estrangeiras, com 25% do total de passageiros transportados em voos internacionais, seguida da Gol, com 8,6%.
Atrasos e Cancelamentos
Os percentuais de atrasos superiores a 30 minutos e a 60 minutos em voos regulares domésticos foram de 6,9% e de 2,4% do total de etapas de voos realizadas em 2017. O resultado representou piora de 17,0% e de 10,0%, respectivamente, em relação ao ano de 2016. Por sua vez, o percentual de cancelamentos de 10,1% dos voos domésticos programados em 2017 foi 14,2% inferior ao ano anterior.
Nos voos internacionais, os atrasos superiores a 30 minutos e a 60 minutos representaram 7,9% e 3,7% do total de etapas realizadas em 2017. O percentual de cancelamentos foi de 2,7% do total de etapas previstas. O percentual de cancelamentos apresentou melhora no ano passado, em comparação com 2016, com redução de 22,7%. O percentual de atrasos superiores a 60 minutos apresentou redução de 4,2%, ao passo que o percentual de atrasos superiores a 30 minutos permaneceu estável.
Distribuição dos Voos
Em 2017, os três aeroportos com maior número de decolagens foram os de Guarulhos/SP (11,1%), Congonhas/SP (10,8%) e Brasília/DF (7,7%). Juntos, esses aeroportos representaram 29,7% das decolagens em etapas domésticas de voos. Entre os 20 maiores aeroportos, apenas sete apresentaram aumento no número de decolagens. O aumento mais expressivo ocorreu no aeroporto de Recife/PE (+9,2%) e a maior redução ocorreu em Brasília/DF (-8,1%).
Em termos de quantidade passageiros pagos embarcados, as três primeiras posições do ranking foram ocupadas por Guarulhos/SP (12,8%), Congonhas/SP (11,7%) e Brasília/DF (8,9%). O aeroporto de Foz do Iguaçu/PR apresentou a maior alta (17,7%) em número de passageiros embarcados em 2017, na comparação com 2016. Quando considerada a quantidade de embarques em relação à população por região, o Centro-Oeste destacou-se com 75,8 embarques para cada 100 habitantes em 2017, seguido por Sudeste (51,6), Sul (40,5), Nordeste (29,6) e Norte (26,7).
As rotas mais movimentadas foram Santos Dumont-Congonhas, com 4,1 milhões de passageiros transportados nos dois sentidos; Brasília-Congonhas, com 2,0 milhões; e Guarulhos-Porto Alegre, com 1,9 milhão. Um total de 124 aeroportos recebeu voos regulares e não regulares em 2017. Os estados da Bahia e do Amazonas apresentaram o maior número de aeródromos utilizados no ano passado, com 15 cada, seguidos de Minas Gerais, com 11.
Informações detalhadas do setor
O Anuário do Transporte Aéreo de 2017 disponibiliza informações com detalhamento por aeroporto, companhia aérea, rotas (domésticas e internacionais), região e unidade da Federação e dados sobre movimento de passageiros e de carga, frota de aeronaves e quadro de pessoal por companhia, quantidade de voos, número de aeroportos que receberam voos regulares e não regulares, além da participação de mercado, da taxa de aproveitamento das aeronaves, dos percentuais de atrasos e cancelamentos de voos, das tarifas aéreas comercializadas e das informações econômico-financeiras das empresas, entre outras.
Os dados apresentados no Anuário do Transporte Aéreo são fornecidos pelas empresas aéreas em atendimento à regulamentação específica e passam por constantes procedimentos de auditoria, com vistas a alcançar o maior grau de consistência possível. Por esse motivo, os dados estão sujeitos a alterações.
O Anuário do Transporte Aéreo de 2017 está disponível no portal da ANAC. Clique para acessar.