A Base Aérea de Natal sediará, em novembro de 2024, o maior exercício aéreo multinacional da América Latina, a Cruzex. A edição do próximo ano deverá contar com participações inéditas, tendo como destaque a Suécia, que deverá trazer ao Brasil caças F-39 Gripen, também em uso na Força Aérea Brasileira (FAB). Considerando a lista provável de participantes, é possível que o uso dos jatos da Saab possa ter peso até para processos de compra de outros países.
A FAB planeja a realização de até 1.300 horas de voo, tanto de aeronaves nacionais quanto estrangeiras. Entre os modelos esperados, estão caças F-16 do Chile e Mirage 2000 do Peru, ambos já veteranos em edições anteriores da Cruzex. Os EUA participaram das edições de 2010, 2013 e 2018 com jatos F-16, mas nada foi confirmado ainda sobre a próxima edição. Em 2023, os norte-americanos enviaram uma esquadrilha de F-15C para o exercício Relámpago VIII, realizado na Colômbia.
O país andino, aliás, participou da Cruzex 2013 com jatos de ataque A-37B Dragonfly e seu reabastecedor KC-767 Júpiter e retornará a essa edição. Com as condições de voo dos Dragonfly apresentando dificuldades, resta especular se virão os IAI Kfir, também com restrições. A participação da Cruzex acabará servindo para a Colômbia como uma oportunidade para avaliar os Gripen e F-16, duas das principais opções para o reequipamento de sua aviação de caça.
A possibilidade de o exercício servir como espaço para mostra prática das capacidades de um produto fez a França ir de um participante costumeiro a provável ausente na Cruzex. Enquanto nas edições de 2002, 2004, 2006, 2008, 2010 e 2013 caças Mirage 2000 e Rafale chamaram a atenção em um período em que os modelos franceses eram avaliados para o reequipamento da FAB, a edição de 2018 viu a participação de um cargueiro tático CN-235, deslocado da Guiana Francesa. E o país europeu sequer apareceu na recente divulgação da FAB sobre o planejamento da Cruzex 2024. Canadá, que chegou a marcar presença com aviões C-130J, e Uruguai, este último com uma aviação de caça atualmente restrita a não mais que três A-37, são outros antigos participantes que não devem aparecer em 2024.
A notícia a respeito da realização da Initial Planning Conference (IPC) trouxe como destaque a presença das bandeiras, além dos países já citados, do Paraguai e da Argentina. Os primeiros, sem aeronaves de combate, podem atuar exclusivamente em células terrestres ou com meios de transporte. Já os argentinos, que enfrentam dificuldades para operação dos seus A-4AR restantes mas tentam projetar internacionalmente seus jatos leves IA-63 Pampa, podem também enviar aeronaves de maior porte. Recentemente, o país ajudou o Peru na retomada da capacidade de reabastecimento em voo.
As informações apresentadas pela FAB até o momento não permitem ainda fechar uma lista de participantes da edição 2024 da Cruzex, mesmo porque todo o exercício ainda está em fase de planejamento. O encontro realizado neste mês em Natal reuniu militares da Argentina, Estados Unidos, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Suécia, “entre outros parceiros estratégicos”, conforme a publicação oficial. O texto de divulgação informou ainda a participação de “mais de 10 países”, sem especificar quantos terão contingente aéreo, quantos participação com forças em solo e quantos serão observadores militares.
Enquanto isso, resta a expectativa de a Força Aérea Brasileira participar da Cruzex 2024 com a sua força máxima, inclusive com os F-39 Gripen. Ainda em fase inicial da vida operativa, esses caças não participaram, por exemplo, do exercício Escudo-Tìnia 2023, finalizado em 17 de novembro no Rio Grande do Sul. O treinamento foi um “teste” da própria FAB para a Cruzex, com unidades exclusivamente brasileiras atuando em um cenário de guerra fictícia, tal como ocorrerá no próximo ano com a participação de países amigos.
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