AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Compra de mais Black Hawk preocupa por falta de estrutura de apoio

Black Hawk do US Army durante manutenção. Foto: Lynnwood Thomas

A autorização do governo dos Estados Unidos para a venda de 12 helicópteros UH-60M Black Hawk para o Exército Brasileiro causa preocupação por conta dos custos. Além do investimento inicial próximo de R$ 5 bilhões, a operação de aeronaves fabricadas pela Sikorsky no Brasil enfrenta há décadas um empecilho: a fabricante norte-americana nunca criou um centro de manutenção a altura dos seus principais concorrentes, como a Leonardo e a Airbus.

O conglomerado europeu Leonardo, por exemplo, responsável por modelos civis e militares como AW119 Koala, AW139, AW149 e AW159 Lynx Wildcat, atua com sucesso com clientes militares, como polícias e a Marinha do Brasil. Para utilizadores comerciais, a empresa é certificada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para as atividades de manutenção, reparo e revisão de helicópteros e componentes. São quase 500 aeronaves da marca em voo na América Latina com o apoio do Centro de Serviços e Logística, localizado em Itapevi (SP). O investimento da empresa foi de R$ 60 milhões.

Helicópteros UH-60 Blackhawk. Foto: Tim Laurence

Já a Airbus Helicopters tem uma subsidiária brasileira, a Helibras, que conta com uma fábrica para a produção e manutenção de modelos como Esquilo, H225M, H145 e H135, dentre outros. Na prática, praticamente todas as demandas sobre a compra e operação de aeronaves da marcas contam com o suporte dado na unidade, localizada em Itajubá (MG). Somente para o programa de aquisição dos 50 helicópteros H225M para as três Forças Armadas, o grupo fez um investimento de R$ 420 milhões em instalações.

No caso do Black Hawk, a Sikorsky tem uma conduta diferente. A empresa assina contratos de suporte logístico com seus clientes e há oficinas autorizadas a realizar serviços, porém, não um centro de manutenção comparável ao que os concorrentes oferecem. A situação gera incômodo nas Forças Armadas, sobretudo porque modelos da Sikorsky estão em serviço há décadas por aqui: os primeiros foram os H-19D Chickasaw, comprados pela FAB em 1958 para cumprimento de missões de busca e salvamento com o Esquadrão Pelicano. Hoje, a família Black Hawk e Sea Hawk está em serviço com as três forças.

E não parece haver perspectivas de mudança. Enquanto aquisição de outras aeronaves pelas Forças Armadas brasileiras, do F-39 Gripen aos C-105 Amazonas, passando pelos helicópteros H-36/HM-4/UH-15, foram marcadas pela inclusão de cláusulas de compensações industriais, econômicas ou tecnológicas, os chamados projetos de offset, não há qualquer previsão disso nessa eventual compra de Black Hawk.

A ausência de compensações foi citada diretamente na divulgação da autorização de compra pelo Departamento de Estado dos EUA, no último dia 24 de maio. Foi informado que a compra pode chegar a US$ 950 milhões, mas que nenhum projeto de compensação foi incluído. O valor inclui especificamente a venda dos 12 helicópteros novos e de uma série de equipamentos, incluindo 34 motores T700-GE-701D.

A autorização para compra, solicitada pelo governo brasileiro, tem como objetivo substituir tanto os quatro UH-60L Black Hawk, designados HM-2, em serviço com a força terrestre desde 1997, quanto oito helicópteros HM-3 Super Puma em serviço desde 2002.

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