Três dos jatos Gates Learjet 35 da Força Aérea Brasileira baseados em Anápolis (GO) têm uma característica específica: ao invés de levarem câmeras para fazerem imagens do terreno, equipadas com sistemas de guerra eletrônica Thales DR-3000 Mk.2B para missões de reconhecimento no espectro eletromagnético. Essas aeronaves mais uma vez participam do exercício BVR, treinamento de combate aéreo além do alcance visual (em inglês, Beyond Visual Range), neste mês realizado na Ala 3, em Canoas (RS).
Designados R-35AM e operados pelo Esquadrão Carcará, juntamente com um trio de R-35A convencionais, cada avião tem a capacidade de mapear as emissões eletromagnéticas de uma área, como radares de vigilância, radares de direção de tiro e outras emissões. Isso permite fazer um “retrato” dos equipamentos em operação em determinada área, uma nova forma de reconhecimento, só que ao invés de se ver fotos do alvo, coleta-se sua “assinatura eletrônica”. É um sistema da chamada inteligência eletrônica, conhecida pela sigla ELINT. Esse trabalho pode ser feito, inclusive, sem sobrevoar território inimigo nem cruzar a fronteira.
Essas capacidades também podem ser úteis em exercícios como o BVR. Enquanto os caças F-5EM podem atuar na detecção de alvos e lançamentos simulados de mísseis Derby, os R-35AM conseguem mapear toda a área do exercício e buscar cada emissão de radar.
Como a arena BVR acontece sem que os pilotos vejam seus inimigos, e sim apenas analisem no campo eletrônico por meio do radar ou de sistemas passivos mais limitados, ter um R-35AM significa “enxergar” as ameaças bem além, e de forma passiva, sem denunciar a própria posição. Já os E-99, equipados com radar de busca, podem descobrir a localização precisa das demais aeronaves, porém a força do seu radar é proporcional à sua assinatura eletromagnética, sendo facilmente identificado por vetores como o R-35AM.
BVR sem armas BVR
O exercício BVR conta também com a participação dos caças A-1M. Mesmo sem contar com mísseis para operar nessa arena, os pilotos treinam, exatamente, em como sobreviver a esse tipo de ameaça. Para isso adotam manobras para reduzir a detecção, diminuir as chances de virarem alvos e, se necessário, escaparem da ameaça.
Além dos F-5, A-1, E-99 e R-35AM, o exercício BVR conta ainda com um avião-tanque KC-130 Hércules e um helicóptero H-36 Caracal de busca e salvamento. Iniciado no dia 1º de abril, o treinamento vai até o próximo dia 16.