Por Felipe P. Pedrone
Já não temos como negar que a tecnologia touchscreen faz parte de nosso cotidiano. Ficaria eu surpreso, se você respondesse que não interage com nenhum dispositivo touchscreen durante o seu dia-a-dia. Acredito, inclusive, que muitos devem estar usando seu touchscreen durante essa leitura, nesse exato momento. Para chegarmos a este nível de interação, acredite se quiser, foram necessários pelo menos dez anos de contato com essa tecnologia, desde o lançamento do primeiro dispositivo “touch” lá nos anos 2000. Agora é a vez da aviação acompanhar a transformação dos botões e knobs em uma tela interativa sensível ao toque.
Hoje é comum a associação da tecnologia “touch” a algo recente e moderno: “Se não é touchscreen, não é novo”. Apesar de inconscientemente fazermos esse tipo de analogia, veremos que a substituição dos botões pelas telas, vai muito além de um requinte tecnológico. A seguir ilustrarei duas situações em que fazemos uso de dispositivos touchscreen, mas somente em uma delas nos é proporcionado uma significativa interação:
- Se você utiliza os caixas eletrônico de banco, assim como eu, já reparou que muitos deles possuem telas “touch”. As áreas disponíveis ao toque, entretanto, são locais pré-determinados que não permitem nenhuma interação diferente daquela de um botão On-Off, são nada mais que botões virtuais.
- Agora veja seu smartphone, por exemplo. Toda a área da tela está disponível ao controle do seu toque. Com a ponta dos dedos você consegue avançar páginas, retornar, abrir outras páginas relacionadas e interagir com todo e qualquer objeto que estiver na tela.
Claramente o segundo exemplo é àquele que nos proporciona maior interação, e consequentemente maior proveito quando se está voando. Afinal de contas, durante o voo estamos constantemente interagindo com o tráfego, meteorologia, terreno, entre outros objetos e o touchscreen nos permite selecionar cada um destes para colher informações e tornar-nos mais conscientes da situação e do ambiente.
DOS BOTÕES PARA AS TELAS
Com frequência escuto o seguinte receio de alguns pilotos quanto ao uso do touchscreen: “Numa turbulência posso acabar selecionando outros controles sem intenção”. Isso é verdade e com certeza motivo de preocupação, mas vejamos como este problema é tratado.
Hoje a tecnologia touchscreen se divide em basicamente duas categorias: superfície capacitiva e superfície resistiva. A primeira é àquela que é acionada pelo simples toque da pele com, ou sem intenção. Já a resistiva é capaz de sentir pressão, portanto um leve toque não é suficiente para o comandá-la, você precisa pressioná-la. Além disso, alguns dos equipamentos touch tem seu tamanho especialmente projetado para o piloto apoiar o polegar e o dedo médio nas extremidades e utilizar o indicador para comandar a tela, reduzindo, portanto, o possível erro de comandos involuntários.
TOUCH OU NÃO-TOUCH
Não há dúvidas de que os equipamentos touchscreen conquistaram seu espaço no cockpit, especialmente em se tratando de voos calmos sem turbulência. Alguns pilotos dirão que preferem os tradicionais botões e knobs e outros não hesitarão em trocar pela tela touch. Independentemente da preferência de cada piloto uma coisa é certa: a tecnologia touchscreen veio para aumentar a interação homem-máquina e nos fazer pilotos mais conscientes.