AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Há 65 anos, França voava jato para ter sua própria dissuasão nuclear

Dassault Mirage IV. Foto: Mike Freer

Há exatos 65 anos, em 17 de junho de 1959, a França fez o primeiro voo de um jato capaz de alçá-la ao patamar de uma das principais potências global, meros 14 anos após superar a ocupação nazista. Era o Mirage IV, bombardeiro supersônico solicitado pelo governo em Paris para ter a possibilidade de realizar ataques nucleares estratégicos sem a ajuda de aliados. 

As primeiras entregas do Mirage IV, iniciadas em 1964, foram fundamentais para que dois anos depois a França saísse da estrutura de comando militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Até 1971, esses bombardeiros foram o único meio para ataques nucleares do país. E permaneceram nessa tarefa até o fim da Guerra Fria.

Mirage IV. Foto: Ron Ambroseno

Ao todo, além dos quatro protótipos, foram construídas 62 aeronaves, entregues pela Dassault entre 1964 e 1968. A Armée de l’air mantinha pelo menos 12 aeronaves continuamente em voo e outras 12 em solo, prontas para decolar. Nove bases diferentes contavam com os Mirage IV, de forma garantir a sobrevivência de parte da frota em caso de ataque.

Derivado do interceptador Mirage III, que havia voado em novembro de 1956, o Mirage IV trazia dois monitores e a característica asa alta. Na prática, atingiu-se a capacidade de voar a Mach 2.2 com um alcance de missão de 1.240 km e teto de serviço de 20 mil metros, sendo possível chegar aos 11 mil em pouco mais de quatro minutos. A doutrina inicial previa ataques a elevada altitude, com uso de bombas nucleares de queda livre.

A tripulação era de dois militares, sendo um piloto e um navegador e operador de sistemas. Em termos de armamentos, além das bombas, anos depois foi incoporado o míssil Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), com alcance de até 400 km em uma mudança da doutrina. Posterormente foram adaptados armamentos convencionais e sistemas de reconhecimento estratégico.

A retirada em serviço ocorreu a partir de 1996, com o fim das missões de bombardeiro, sendo substituídos pelos Mirage 2000N e D. Nas tarefas de reconhecimento estratégico, realizadas até 2005, o modelo até voou em cenários de conflitos reais, sobre os Balcãs, o Afeganistão e o Iraque.

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