AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA DOS ARQUIVOS DE ASAS

Há 70 anos, EUA deixavam bomba atômica cair no Canadá

Em 14 de fevereiro de 1950, um bombardeiro B-36 Peacemaker decolou para mais um voo de treinamento de ataque nuclear contra a União Soviética quando, com problemas mecânicos, precisou lançar sua bomba atômica Mark 4 antes de se acidentar. A bomba caiu ao norte da ilha Princess Royal, no Canadá, explodindo a 1.400 metros de altura sobre o mar, porém sem ter havido uma detonação nuclear.

É confirmado que a bomba Mark 4 continha 2.300 kg de explosivos convencionais e e que havia urânio. Porém, até hoje as fontes divergem sobre se a tripulação desarmou o detonador nuclear ou, como sustenta a United States Air Force, a bomba estava sem o seu núcleo de plutônio, necessário para a explosão.

Bombardeiro da Guerra Fria não resistiu às baixas temperaturas

Em uma época em que os bombardeiros B-36 Peacemaker eram a ponta de lança da dissuasão nuclear dos Estados Unidos, o plano de voo daquele dia era realizar um voo de 24 horas. Ao todo, seriam cobertos quase 9 mil quilômetros.

A aeronave decolaria da Base Aérea de Eielson, no Alasca, contornaria o Canadá sem entrar no seu espaço aéreo, ingressaria no continente pelo estado norte-americano de Washington para navegar até Fort Peck, em Montana. Daí avançaria para o sul da Califórnia, onde faria um ataque simulado à São Francisco. Todos os procedimentos adotados ocorreriam tal qual um ataque a uma cidade soviética, menos o efetivo lançamento da arma, daí a necessidade, inclusive, de ter a bordo o peso da bomba durante as fases de navegação. Após o ataque simulado, o B-36 pousaria na Base Aérea de Carswell, no Texas.

Os problemas começaram logo após a decolagem. Em solo, o B-36B com 17 pessoas a bordo já começou a sofrer com temperaturas baixas, que chegaram a até 40ºC negativos durante o voo. Após seis horas, três dos seis motores radiais Pratt & Whitney R-4360-53 começaram a congelar. A tentativa de aumentar a potência resultou em fogo. Com apenas três motores funcionando não foi possível manter o nível de voo, havendo uma razão de queda de 150 metros por minuto, o que dava pouco tempo para reação, pois a altura naquele momento era de 3.700 metros.

A tripulação, então, alijou a bomba a 2.400 metros e saltou de paraquedas. Mais de 40 aeronaves dos Estados Unidos e do Canadá foram envolvidas na missão de busca. Cinco ocupantes nunca foram encontrados, possivelmente tendo caído no mar e morrido de hipotermia. A aeronave se manteve em voo e acabou caindo já no continente, no monte Kologet. Os destroços, porém, só foram encontrados três anos depois.

E aconteceu de novo

Nove meses depois, em 10 de novembro de 1950, um B-50A que ia de Newfoundlad para o Arizona também perdeu potência e precisou alijar uma bomba atômica no rio St. Lawrence, em Quebec. Mais uma vez, mais de duas toneladas de explosivos convencionais detonaram no ar, só que dessa vez com testemunhas civis. O Pentágono, à época, sustentou a versão de que se tratavam apenas de armamentos convencionais.

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