Há quase 75 anos, em 1º de janeiro de 1945, a Luftwaffe tentou mudar os rumos da guerra na Europa por meio de um ataque surpresa. Na manhã do primeiro dia do ano, 11 grupos de combate decolaram para tentar destruir o máximo de aeronaves do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos em bases da Bélgica, Holanda e França.
O objetivo estratégico era acabar com a superioridade aérea dos aliados e assim conseguir evitar o avanço das tropas. Ao mesmo tempo, conquistar o poder aéreo poderia significar oferecer uma oposição maior aos raids de bombardeiros.
Não há registros claros de quantas aeronaves foram atingidas, mas os relatos variam entre 230 e 300 aeronaves perdidas e entre 150 e 180 danificadas. Pelo menos outras 15 aeronaves foram abatidas durante a tentativa de repelir os atacantes, e outras dez foram danificadas no esforço de evitar a ofensiva do inimigo. Os alvos principais da Luftwaffe eram as aeronaves de caça, mas bombardeiros e cargueiros também foram destruídos.
Os piores danos para a Royal Air Force aconteceram em Bruxelas, onde os campos de aviação de Evere e Melsbroek tiveram 34 e 35 aeronaves destruídas, respectivamente, e outras 29 e nove danificadas. O terceiro aeródromo da cidade, Grimbergen, viu a perda dos seis aviões que estavam lá. Em Eindhoven foram mais 31 aviões destruídos e mais de 30 danificados. Em Ghent, onde o ficava um esquadrão formado por poloneses, as perdas chegaram a 16.
Para a United States Army Air Forces (USAAF), as maiores perdas foram em Metz, com 22 P-47 Thunderbolts II destruídos e mais 11 danificados. Outras dez aeronaves foram perdidas e 31 foram danificadas em Sint. Já a Royal New Zealand Air Force perdeu 15 aviões em Maldegem. Também aconteceram ataques na Antuérpia, Asch, Gilze, Ophoven, Volkel e Ursel.
A Luftwaffe conseguiu manter o segredo total da operação, batizada de Bodenplatte. Nem as unidades alemãs em solo sabiam que algo iria ocorrer, e a inteligência britânica chegou a interceptar as comunicações, mas não conseguiu entender que se tratava de uma tentativa de contra-ataque. A operação estava prevista inicialmente para o dia 14 de dezembro, mas foi adiada por conta das condições meteorológicas.
Ao todo, os alemães prepararam 1.035 aeronaves para o ataque, sendo a maioria de caças Focke-Wulf Fw 190 e Messerschmitt Bf 109. Os jatos Messerschmitt Me 262 também participaram, além dos mísseis V-1 e V-2. Pelo menos 272 aviões alemães foram perdidos durante os ataques.
O resultado é apontado como uma vitória dos nazistas, mas uma “vitória de pirro“: os aliados tiveram uma capacidade industrial e militar de repor muito rapidamente suas perdas, enquanto a Luftwaffe não conseguia produzir aeronaves na mesma velocidade, muito menos treinar pilotos.
Análises apontam que a Operação Bodenplatte já teve resultados aquém do esperado pela falta de experiência e de treinamento de vários pilotos. Para piorar, 234 deles foram perdidos naquela manhã: 143 mortos, 21 gravemente feridos e 70 capturados.
Nas 13 semanas restantes da guerra, a Luftwaffe não conseguiu mais ameaçar a superioridade aérea dos aliados. Era o fim de uma das mais temidas forças aéreas já vistas na história.
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