A Marinha do Brasil completou, em janeiro, 70 mil horas de voo com helicópteros da família Lynx, aeronaves que se caracterizam pela manobrabilidade, velocidade e possibilidade de realizar missões tão diversificadas, do transporte de pacientes ao lançamento de torpedos. Até hoje, a única unidade a voar o Lynx foi o 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (EsqdHA-1).
Fundado em 15 de maio de 1978, o EsqdHA-1, inicialmente designado como 1° Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque Antissubmarino, foi criado para receber os primeiros nove Lynx Mk21, à época designados SAH-11. Um primeiro processo de modernização foi realizado na década de 90, quando as aeronaves foram redesignadas AH-11.
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Em 2019, chegaram os dois primeiros AH-11B, designação dada após novo processo de modernização. Os AH-11B, chamados de Super Lynx, são máquinas de guerra bem mais capazes. A modernização incluiu a adoção dos novos motores LHTEC CTS800-4N, cockpit digital compatível com óculos de visão noturna, melhorias na capacidade de guerra eletrônica e um novo sistema de navegação digital, além de sistemas de autodefesa, incluindo lançadores de chaff e flare.
Os helicópteros poderão operar com torpedos e com os mísseis anti navio SeaSkua. O radar Seasprey, com cobertura 360º, permite atacar um alvo e distanciar imediatamente. A Marinha estuda ainda adquirir um novo míssil para os AH-11B, além de poder instalar uma metralhadora lateral. A modernização também revitalizou as células para ampliar a vida útil.
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O AH-11 é o modelo de helicóptero mais capaz que pode ser levado a bordo de fragatas e corvetas, tanto em termos de sensores a bordo quanto pela sua capacidade de voar à noite e pousar a bordo em más condições atmosféricas e de mar. Também pode operar em navios de maiores dimensões, como o A-140 Atlântico e o G-40 Bahia.
Os AH-11B também cumprirão missões como busca e salvamento, transporte, operações especiais, combate anti submarino e apoio logístico. O Esquadrão divide com a unidade de UH-12 Esquilo o alerta para embarcar em um navio para missões urgentes.
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Foto: Marinha do Brasil
Projeto franco-britânico
Criado pela Westland Helicopters, o helicóptero militar se notabilizou por ser multifunção e pela velocidade, tendo estabelecido um recorde de 400,87 km/h. Ágil, o Lynx também ganhou fama pela capacidade de realizar loopings. Ainda hoje, é um dos meios aéreos mais capazes no cenário aeronaval, se notabilizando pela operação em conjunto com fragatas, corvetas e outros meios navais mundo afora.
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Foto: Leonardo
Desde o primeiro voo, em 21 de março de 1971, fruto de uma parceria franco-britânica, mais de 500 unidades foram produzidas para Reino Unido, França, Alemanha, Dinamarca, Portugal, Coreia do Sul, Malásia e Argélia, além do Brasil. Apesar de inicialmente pensado para operar a bordo de fragatas, mesmo em mar agitado, o Lynx também se destacou em missões terrestres, inclusive no combate à blindados.
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Foto: Alyssa Bier
Foi durante a Guerra das Malvinas que o helicóptero chamou atenção. Um total de 24 Lynx HAS Mk2 foram enviados ao Teatro de Operações, onde tiveram seu batismo de fogo. O patrulheiro argentino ARA Alférez Sobral foi a primeira vítima no mundo de mísseis Sea Skua. Várias embarcações, incluindo o submarino ARA Santa Fé, também foram alvos dos Lynx britânicos. Nove anos depois, no Iraque, a marinha de Saddam Hussein também perderia embarcações de pequeno porte da mesma forma. Sobre o continente, as versões do Exército operaram com mísseis TOW.
Nos Balcãs, no Oriente Médio e na África, o Lynx também mostrou seu valor prático para missões de deslocamento de frações de tropa, reconhecimento, combate à pirataria e até resgate em combate. As missões navais também incluem o combate contra submarinos, seja no lançamento de torpedos em coordenação com os navios ou com sonar próprio.
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Uma coisa mudou no Lynx ao longo de 50 anos: o nome do fabricante. A antiga Westland se fundiu no ano 2000 com a italiana Agusta, formando a Agusta Westland. Em 2016, junto com a Alenia Aermacchi, DRS Technologies, Selex ES, Oto Melara e WASS, formou a gigante Leonardo, nome em homenagem ao cientista e artista do renascimento.
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