Em geral, existem dois tipos de comportamento ao se ver um filme sobre aviação. O primeiro é de quem preza por rigor, querendo ver as aeronaves exatamente como operam na realidade, sem o que podemos chamar de “licenças poéticas” incluídas em muitos filmes. O segundo comportamento é chutar a lógica para o lado, rir dos exageros e aproveitar um filme mentiroso do início ao fim.
“Operação Retorno à Base” (R2B: Return to Base, em inglês, ou Altubi: Riteontu Be-iseu, em coreano) é um filme sincero. Logo no início, um piloto faz algumas manobras em um jato KAI FA-50 que desafiam todas as leis da física, da engenharia, da aviação e do bom senso. É quase como um cartão de visitas: “Você está certo que pretende continuar assistindo?”.
Continue. Há coisas legais para ver. Lançado em 2012, o filme recebeu apoio direto da Força Aérea da Coreia do Sul. Então estão garantidas belas imagens de F-15K, Black Hawk, FA-50 Golden Eagle e até de um E-7A, versão AEW&C do Boeing 737. Do lado dos inimigos, destaque para o MiG-29.
E como tem combate aéreo! O problema, claro, é que nenhum combate acontece com qualquer nível de realismo. As cenas são aceleradas, fazendo o filme se parecer muito mais com um videogame que com um combate aéreo real. Os armamentos são praticamente infinitos e um míssil inimigo lembra um visto na comédia Hot Shots!, que no Brasil recebeu o título de “Top Gang – Ases muito loucos“.
À propósito, o filme é estrelado por Jung Ji-hoon, Shin Se-kyung, Yoo Jun-sang e Lee Ha-na, desconhecidos no Brasil, mas grandes celebridades na Coreia do Sul, sendo atores, cantores, modelos e apresentadores. O filme, aliás, foi lançado aproveitando a ampla divulgação por conta do serviço militar obrigatório de Jung Ji-hoon, conhecido pelos amantes do K-Pop como “Rain”.
Na vida militar ele também deve ter visto uma realidade bem diferente da mostrada no filme. Com a intenção de ter drama, comédia pastelão e ação em um mesmo filme, “Operação Retorno à Base” acaba se tornando uma coletânea de cenas mal feitas ou descaradamente copiadas de filmes ocidentais, como Top Gun, Le Chevaliers du Ciel e Behind Enemy Lines.
Porém, com uma pipoca e pouco senso crítico, dá até para aproveitar. Até porque está na Netflix.