A edição 2018 da Cruzex marca uma aproximação política na América do Sul: pela primeira vez, pilotos de caça do Chile e do Peru vão treinar juntos em missões de combate. Os dois países ainda mantém tensões diplomáticas por conta da definição de fronteiras terrestres e marítimas desde a Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1883, mas as relações têm melhorado nos últimos anos.
Mesmo assim, a disposição de forças mostra que até hoje as forças aéreas dos dois países se veem como rivais. Os F-16 C/D Block 50+, os mais modernos da frota chilena, estão sediados na Base Aérea Base aérea “Los Cóndores”, a menos de 250 km da fronteira peruana. Já os Mirage 2000 peruanos estão baseados em La Joya, cerca de 280 km da fronteira.
O encontro no ar, felizmente, acontecerá em paz: nos céus do Nordeste brasileiro. O treinamento permitirá que Chile e Peru participem em uma mesma coalizão. Os dois países já haviam treinados para outros tipos de missões de paz, como no exercício Cooperación, que trata de busca e salvamento, mas nunca em operações de combate.
O jornal chileno El Mercurio destacou ontem que o chefe da delegação chilena, General Leonardo Romanini, almoçou ontem ao lado de oficiais peruanos. “Nesse tipo de situação o que se vê são os procedimentos padronizados: o planejamento, a metodologia e a fraseologia padrão da OTAN. Os detalhes sobre as capacidades, essas coisas, logicamente se mantêm com certa reserva”, disse ao jornal o general chileno, que enviou um repórter para cobrir a Cruzex em Natal.
Os representantes dos dois países também sentaram lado a lado na coletiva de imprensa. Até na foto oficial do evento um caça chileno ficou ao lado do peruano.
O Chile participou da primeira e da terceira edições Cruzex, em 2002 e 2006, com jatos A-37B Dragonfly. Em 2010, 2013 e agora em 2018 levou para Natal seus caças F-16. Já o Peru está no exercício com aeronaves pela primeira vez, tendo um contingente de aviões de ataque A-37B e caças Mirage 2000.
Em 2013, a Cruzex contou com a presença de caças F-16 dos Estados Unidos e da Aviación Militar Bolivariana, da Venezuela. À época, o treinamento conjunto gerou perguntas aos representantes dos dois países, que responderam se tratar de uma honra se exercitar ao lado dos colegas de outros países.