Há exatos 40 anos, em 9 de abril 1982, a Força Aérea Brasileira mostrou sua capacidade de garantir a soberania brasileira. Em meio à Guerra das Malvinas, em uma chuvosa noite de sexta-feira Santa, o sistema de radares detectou uma aeronave desconhecida a cerca de 300 km de Brasília. Dois caças F-103E Mirage III do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), sediado na Base Aérea de Anápolis, decolaram por volta das 21h00 para realizar a missão de proteger o espaço aéreo brasileiro.
A aeronave desconhecida se recusava a atender às ordens do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), localizado em Brasília. Em meio a relâmpagos e trovões, os Mirage acionaram seus pós-combustores e se aproximaram do alvo a 1,15 vezes a velocidade do som. Uma dificuldade a ser superada foram as manchas no radar provocadas pela espessa cobertura de nuvens.
Os controladores do Centro de Operações Militares do CINDACTA I vetoraram os caças comandados pelo Major Paulo César Pereira e pelo Tenente Eduardo José Pastorelo de Miranda. Os caçadores finalmente entraram em contato visual com o intruso: era um Ilyushin II-62M, matrícula CU-T1225, de fabricação soviética e pertencente à Cubana, companhia estatal do país de Fidel Castro.
Sob orientação do controle de solo, os dois F-103E se posicionaram ao lado do invasor cubano. Foi então que, do Centro de Operações Militares, o Major José Orlando Bellon afirmou no rádio, em inglês: “Você foi interceptado. Há duas aeronaves de combate ao seu lado. A ordem é pousar em Brasília imediatamente”. Em segundos a conduta dos pilotos cubano mudou. Sob a vigilância dos caçadores brasileiros, eles fizeram um pouso no Aeroporto Internacional de Brasília, às 22h12.
Em solo, os cubanos encontraram uma pista com tropas preparadas. Porém, ao que tudo indica, a aeronave levava apenas três passageiros: o diplomata cubano Emilio Aragonés Navarro, sua esposa e um menino, neto do casal. O voo seguiria para a Argentina, mas ficou retido em solo por seis horas, enquanto autoridades brasileiras e argentinas negociavam. À época, o Brasil não mantinha relações diplomáticas com Cuba.
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