Com o único Boeing 767 que operou na Força Aérea Brasileira fora de operação, o Ministério da Infraestrutura articulou com a empresa LATAM o envio de dois jatos de grande porte para trazer da China material necessário para o combate à pandemia de Covid-19. Enquanto os maiores aviões da FAB são um par de KC-390, com alcance máximo de 2.820 km, a LATAM irá utilizar dois Boeing 777-300ER, cada um capaz de voar a até 13.650 km de distância.
Em fevereiro, para repatriar brasileiros que estavam na China, a FAB utilizou um par de aviões VC-2, versão militar do Embraer 190. Foram necessárias paradas em Fortaleza (CE), Las Palmas (Ilhas Canárias), Varsóvia (Polônia) e Urumqi (China) antes de chegar em Wuhan. Na volta, o caminho foi o mesmo. Já os KC-390 são adequados para missões como transporte de tropa, lançamento de paraquedistas e até invasão de territórios hostis a baixa altura, mas não para missões de transporte pesado de longo alcance. As Forças Armadas do Brasil não possuem cargueiros pesados desde a aposentadoria dos quatro Boeing 707, em 2013.
Em março de 2013 a FAB anunciou a empresa israelense IAI como vencedora da concorrência então chamada de KC-X2 para fornecer dois aviões Boeing 767-300ER convertido para missões militares. O contrato, porém, nunca foi assinado. Entre 2016 e 2019, um 767 foi alugado para missões de transporte, mas o contrato foi encerrado. Na América do Sul, as forças aéreas do Chile e da Colômbia contam com aeronaves desse porte.
Lojas Americanas vão pagar dois voos
O Ministério da Infraestrutura é o responsável por articular o transporte de 960 toneladas de máscaras compradas pelo Ministério da Saúde. As primeiras 53 toneladas virão a bordo duas aeronaves Boeing 777 da LATAM. A empresa Lojas Americanas irá custear esse primeiro frete.
Os dois 777 da LATAM devem decolar dia 19 de Guangzhou (China), fazem escala em Doha (Catar) e chegam dia 21 ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Por questão de segurança, será concedido status de voo de Estado, com as prerrogativas de prioridade de pouso e decolagem, às aeronaves envolvidas na megaoperação.
ANAC muda legislação para facilitar voos
As aeronaves da Latam são para transporte de passageiros, mas serão adaptadas para trazer a carga também na cabine, além do porão. Para viabilizar a rápida resposta à pandemia, bem como maximizar a capacidade de frete aéreo no País, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) editou resolução que permite o transporte de carga aérea na cabine de passageiros.
Com essa aprovação, aeronaves que hoje estão sem demanda de passageiros poderão ser usadas para transporte de carga. A autorização se dá em caráter excepcional e temporário, desde que sejam seguidas algumas diretrizes de segurança exigidas pela Agência.
No dia 9, a LATAM realizou o primeiro voo do tipo. Um Airbus A321 com 10 toneladas de medicamentos realizou o trecho Guarulhos-Recife. A estratégia de utilização de aeronaves de passageiros para uso exclusivo de cargas já vem sendo realizada em outros países de operação da companhia como Chile e Peru.
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