Os Boeing B-52, conhecidos carinhosamente como BUFF – acrónimo para Big, Ugly and Fat Fellow, companheiro grande feio e gordo – servem na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) desde 1955 e os planos são de mantê-los voando, pelo menos, até 2050. Para que alcance tal longevidade são necessárias um certo número de modernizações, tanto para que a célula da aeronave suporte tantos anos de serviço, quanto para acompanhar os avanços tecnológicos em sensores e sistemas de voo.
No final de 2017 a USAF divulgou mais detalhes de seus planos remotorizar os veteranos bombardeiros B-52-H que desde 1961 são equipados com oito Pratt & Whitney TF33 com capacidade de 17.000 lb de potência cada e com consumo de iguais 17.000 lb de combustível por hora de voo. A substituição dos motores dos B-52H, que além de aumentar sua autonomia facilitará a manutenção, é uma necessidade quando se pretende manter a aeronave voando por mais 30 ou 40 anos.
A disputa entre as grandes fabricantes de motores se aqueceu com a entrega das propostas da GE Aviation, Pratt & Whitney e Rolls-Royce pois os planos iniciais da Boeing eram trocar os oito TF33 por oito motores com potência entre 17.000 e 19.000 libras o que não necessitaria de nenhuma grande modificação estrutural nas aeronaves. Contudo, de acordo com alguns documentos publicados pela USAF, a remotorização não incluiria mais uma versão atualizada do TF33, já que ele não atinge o requisito mínimo de economia de combustível em 40%.
Os novos planos da USAF incluem a compra de 608 novos motores para equipar 76 bombardeiros B-52H. Isso devolveu a bola para as fabricantes de motores que devem apresentar novas propostas. Entre os requisitos estão a não alteração da capacidade de transporte de bombas nem do desempenho da aeronave e também o suprimento da demanda de energia elétrica para bombardeiro.
Essas modificações nos Boeing B-52H, que podem levar ainda 5 anos no processo de contratação, devem ser concluídas até 2029 para que as aeronaves voltem totalmente ao serviço até 2035. A substituição dos motores deverá ocorrer de forma gradual para que não afete os índices de disponibilidade da aeronave.
Dentre as principais propostas até agora ventiladas estão a instalação de 4 motores, utilizando os GE CF6 ou CFM56, com o primeiro turbofan equipando os Lockheed Martin C-5 Galaxy e o segundo os KC-135 ou os Rolls-Royce RB211 que é utilizado nos Boeing 757, 767 e 747-200/300/400. Opções com 8 motores também são cogitadas como prováveis, já que não contém os custos de uma adaptação na aeronave como no caso do uso de 4 motores. Nesse cenário a GE poderá apresentar os CF-34, ainda a ser desenvolvido a partir da versão que equipa os A-10 Thunderbolt, enquanto a fabricante britânica poderá oferecer motores baseados na série BR700 que equipam os Gulfstream.
A despeito da criação de bombardeiros mais novos como o Rockwell B-1, o Northrop Grumman B-2 ou até mesmo o, ainda em desenvolvimento, Northrop B-21, o Boeing B-52H ainda é um vetor de grande importância na ordem de batalha da USAF o que justifica os bilhões de dólares que serão empregados nessa modernização.
Esperemos que essa renovação estenda a vida dessa estupenda aeronave onde gerações de pilotos já serviram. Vida longa ao BUFF!